terça-feira, 20 de novembro de 2007

paredes

O tempo tem paredes grossas, intransponiveis...paredes de morte, lancinantes. AS paredes do tempo não caem,não definham, matam-nos.
Cada dia que vivemos tem paredes, que se agrupam com as das semanas e dos meses e dos anos e dos anos....e mais anos. Paredes, umas grossas outras não. Umas de vidro outras não. Nelas está o reflexo da nossa vida e não o podemos mover, nem mudar. Agora as paredes são de plástico, moles, mas implacáveis, amputantes....O nosso ser vai ficando colado, descolorado, moribundo...Já nem vislumbramos as paredes do futuro que são translúcidas, e móveis, dúcteis como magma. As paredes do tempo queimam a alma e a pele, mas a pele regenera devagar , e a alma, essa vai morrendo ...devagar.
Perdida, a alma sai , eleva-se , transpõe as paredes, voa como louca, e regressa, devagar, ao seu local de sempre: às paredes do agora....Ferida de morte recolhe-se ao corpo familiar, e entorpece, e não vê...Não olha para as paredes do futuro que são dúcteis e móveis e transparentes.
Leva-me, liberta-me... não sou uma parede
Novembro, 2006, Anabela Esteves

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